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24/10/2025 - Uma operação da Polícia Federal em Pernambuco revelou um esquema de fraudes contra o INSS que chamou a atenção pela ousadia e crueldade. O grupo criminoso usava uma “idosa de aluguel” para receber benefícios em nome de segurados falecidos. O caso, ocorrido na cidade de Águas Belas, no agreste do estado, expôs falhas na segurança do sistema previdenciário e levantou novamente o debate sobre a vulnerabilidade de aposentados e pensionistas diante de golpes que exploram a fragilidade humana e a falta de fiscalização.
Como funcionava o esquema
Segundo as investigações, os criminosos utilizavam documentos falsos e cooptavam uma mulher idosa para se passar por beneficiários já falecidos. Ela comparecia a agências bancárias, assinava papéis e fazia movimentações em nome de pessoas que já não estavam vivas. Em troca, recebia parte do dinheiro.
O golpe não era isolado: envolvia falsificação de certidões de óbito, criação de cadastros falsos e uso indevido de contas bancárias para desviar valores da Previdência Social. Estima-se que o prejuízo causado ultrapasse os R$100 mil, mas a Polícia Federal acredita que o montante real pode ser muito maior, considerando o tempo de operação do esquema.
O impacto das fraudes para o sistema e para os segurados
Casos como esse mostram como as brechas no sistema previdenciário ainda permitem a atuação de quadrilhas especializadas. A cada fraude descoberta, há não apenas um dano financeiro ao INSS, mas também uma violação direta da confiança de milhões de segurados que dependem do benefício para sobreviver.
O advogado especialista, Dr. João Valença do VLV Advogados, explica que o INSS tem a obrigação legal de aprimorar seus mecanismos de segurança e garantir a restituição dos valores descontados indevidamente. “Quando há falha na proteção dos dados e no controle de pagamentos, o segurado que sofre o prejuízo pode e deve buscar o reembolso e a responsabilização dos envolvidos”, afirma o especialista.
Como saber se foi vítima e o que fazer
De acordo com o Dr. João Valença, existem maneiras simples de descobrir se houve fraude ou desconto irregular no benefício. O primeiro passo é acessar o portal ou aplicativo Meu INSS e consultar o extrato de pagamento (HISCRE). Nele, o beneficiário pode verificar se há descontos estranhos ou benefícios vinculados ao seu CPF que ele não reconhece.
Caso encontre irregularidades, o segurado deve entrar em contato com o INSS pelo número 135, registrar denúncia na Ouvidoria do Governo Federal (Fala.BR) e, se necessário, buscar orientação jurídica especializada para requerer o ressarcimento. Em muitos casos, é possível reaver o dinheiro diretamente pela folha de pagamento, conforme informou o próprio INSS.
Responsabilidade e dever de proteção
O Código Civil e a legislação previdenciária preveem que o Estado e seus órgãos têm responsabilidade objetiva quando falham na prestação do serviço público, especialmente quando essa falha resulta em prejuízo financeiro a terceiros. Assim, se o beneficiário provar que sofreu dano em razão de falha de segurança ou negligência, o INSS pode ser obrigado a devolver os valores e pagar indenização.
O advogado Dr. João Valença ressalta ainda que a fraude previdenciária é crime previsto no artigo 171, §3º, do Código Penal, com pena de até cinco anos de reclusão, além de multa. “Mas o maior impacto está nas vidas atingidas — muitos aposentados sequer percebem que estão sendo enganados, o que exige uma postura mais proativa de fiscalização e comunicação por parte do INSS”, complementa.
Prevenção e lições para o futuro
A operação em Pernambuco não é um caso isolado: todos os anos, o INSS registra milhares de denúncias de fraudes. O episódio da “idosa de aluguel” expõe a necessidade urgente de investir em tecnologia antifraude, cruzamento de dados entre cartórios e bancos e campanhas educativas para alertar os beneficiários.
Para os segurados, a lição é clara: acompanhar o benefício mensalmente, desconfiar de ligações e mensagens suspeitas, e manter seus dados pessoais sempre atualizados são atitudes essenciais para evitar prejuízos.
Justiça e confiança no sistema
A cada fraude descoberta, cresce também a cobrança por mais rigor e transparência na gestão dos benefícios. O caso de Pernambuco, embora chocante, deve servir como ponto de reflexão e mudança. O combate à fraude não se resume à prisão dos envolvidos — passa por uma política contínua de prevenção, fiscalização e reparação.
Proteger os recursos da Previdência é proteger milhões de famílias brasileiras que dependem desse sustento para viver com dignidade. E garantir que cada real chegue às mãos de quem realmente tem direito é, antes de tudo, uma questão de justiça social e respeito ao trabalho de toda uma vida.
Gabriela Matias, jornalista, redatora e assessora de imprensa, graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). INSTAGRAM: @gabrielamatiascomunica
https://www.instagram.com/gabrielamatiascomunica/ Com informações de publicações em diversos sites, como https://vlvadvogados.com/ e site de notícias https://g1.globo.com/pe/caruaru-regiao/noticia/2025/10/21/operacao-desarticula-esquema-que-usava-idosa-de-aluguel-para-fraudar-beneficios-do-inss-de-pessoas-falecidas.ghtml
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